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Atualizado: 30 de jul. de 2022



  1. Yoga como Terapias

O yoga compreendido no Brasil como prática e/ou filosofia espiritual de cura ou complementar a terapêuticas depende bastante dos esforços nas primeiras décadas dos anos de 1960 ao Prof.Hermógenes. Em sua autobiografia é extensa a busca por legitimar o aspecto terapêutico do yoga, que teve início com o pioneiro do yoga no país, o francês Léo Costet. Algo que tanto Hermógenes, mas também Janderson Oliveira Prem Baba o realizou, aliando o yogaterapia hermogeano, a pajelança afro-ameríndia brasileira, como também a religião do Santo Daime, como expomos.


Atualmente, o Método de Yoga Restaurativa da Profa.Miila Derzett envereda por esse campo a partir de suas investidas no CAPS/Florianópolis onde trabalha como psicóloga social, ao lado dos mais científicos protocolos do Instituto Mente e Corpo do norte-americano Herbert Benson, mas também de elementos do engajamento social budista. A Profa. Tainá Antonio e suas técnicas do Yoga Marginal, mesmo com fins mais focados na educação infant-juvenil, não deixa de estabelecer encontros igualmente terapêuticos, de certa formam como ela mesmo afirma. E, obviamente, todo o trabalho de Janderson Oliveira Prem Baba e seu Awaken Love Yoga, como dissertamos, está todo baseado no aspecto de cura do corpo e da alma de seu adepto.


O eixo central dos yogas brasileiros em seus aspectos psicoterapêuticos (Yogaterapia, Awaken Love Yoga, Restaurativa Yoga e o Yoga Marginal) podem (e devem) estar atrelados a elementos novaeristas de cura e salvação. Mas a salvação aqui empregado, não como algo redencionista católico com vistas a uma geografia metafísica apenas ou reduzido a fins orgânicos da biomedicina. O novaerismo que o yoga brasileiro carrega dialoga com a imanência e intenções a resolução de seus problemas sociais (Cf. SIMÕES, 2015, pp.130-160). Mesmo díspares em suas populações de alcance e construções narrativas sobre yoga, visam, em última instância, resolver questões da realidade em que vivem.


As religiosidades brasileiras (nativas ou sincretizadas como o yoga aqui descrito) estreitam laços psicoterapêuticos e de “reencantamento do mundo”; pois desde a pajelança amerindía, passando pelo espiritismo kardecista, as religiões ayahuasqueiras, o próprio catolicismo e, atualmente, os neopentecostais, estabelecem, de seus jeitos, certa “psicologização” em suas narrativas (DUARTE & CARVALHO, 2005). E o yoga, como mais um fenômeno religioso em formação no Brasil, não está sendo diferente.


2. Yoga e a sua mercantilização


Se há algo de novo aos yogas que nasceram e sobreviveram modernamente, seja no Brasil, Índia ou qualquer outra parte do mundo, não reside em suas novas doutrinas, mestres ou massificação de práticas corporais. O que os diferenciam, realmente, como pertencentes ao período histórico moderno do yoga, é a sua transplantação a sociedades regidas pelo modelo capitalista neoliberal (Cf. JAIN, 2014).


Desde o Yoga-Sutras de Patanjali, um sacerdote hinduísta, pertencente a casta dos brâmanes ou, os atravessamentos que fizeram surgir o Hatha-Yoga medievalista, todas estas manifestações yoguicas surgiram num modelo de organização social imperialista ou despótica (SIMÕES, 2020, pp.103-104). Desde 1897, com a visita de Vivekananda no primeiro Parlamento Mundial das Religiões nos Estados Unidos da América, todos esses yogas ditos modernos e tantos outros que surgiram (e muito por causa disso), precisaram aprender a conviver sob a égide de sociedades capitalistas e, com elas, muito mais cosmopolitas, seculares e laicas (Cf. SIMÕES, 2020; JAIN, 2020).


Essa mudança de estrutura social à comunidade yoguica influenciou seu jeito de se viver os yogas sob o dossel religioso hinduísta para uma pluralidade infinita de novas espiritualidades, como as que vimos nos Brasil. Aqui, quem soube fazer essa leitura com mais precisão (do yoga sendo inserido num novo modelo de sociedade: capitalista e de consumo, portanto), foi Luiz Derose, muito antes dos modelos californianos e indianos chegarem entre os brasileiros só por volta dos anos de 2000.


Em 1964, como apresentamos, Luiz Derose abre sua primeira filial de escolas que se espalham nas décadas seguintes em todo o Brasil e, atualmente com ramificações na Europa e América do Sul. Fatos estes, que podem estar trás das disputas de legitimadade narrativa que reinou (ainda hoje) entre Hermógenes e Luiz Derose (Cf. SANCHEZ, 2004). Mesmo criticado sob este aspecto mercantil do yoga deroseano, quase todos os yogi(ni)s das gerações posteriores herdaram (ou absorveram) esse aspecto capitalista neoliberal em administrar suas marcas de escolas ou métodos yoguicos.


Essa convergência aos problemas de sociedades cosmopolitas, seculares, laicas e sob ordem capitalista neoliberal, novos bens simbólicos de salvação/libertação espirituais yoguicos foram (e estão sendo erigidos) no Brasil, como por exemplo: estresse como um mal a ser combatido, “produtor do turbilhão da mente”; relaxamento assumindo papel espiritual; e certa divinização do estado de homeostase (SIMÕES, 2017). Assim, a estrutura social que sustenta os yogas no Brasil, são regidos sob 4 tópicos econômicos que mantém as instituições yoguicas brasileiras:


1. Espaços ou estúdios de yoga que vendem aulas regulares (ao vivo ou em lives pós-pandemia);


2. Escolas de formação de novos professores de yoga do método, escolas ou instituição referida;


3. Viagens ou peregrinações a locais sagrados ao yoga, que hoje se expandiram para além da tradicional Índia, obviamente, como Machu Pichu, templos budistas no Japão e Europa e até Jerusálem como alguns exemplos;


4. Comercialização de produtos yoguicos, como tapetes de prática, utensílios de prática (blocos, faixas, toalhas e etc), livros e etc.


Luiz Derose e seu Swásthyá-Yôga (hoje Método Derose) espalhou, ao seu jeito, como ele mesmo propaga, o empresário do yoga mais bem-sucedido do mundo, a semente de ideias neoliberais, mas também de organizar suas escolas como uma espécie de franschising ou “credenciados”, como ele mesmo divulga seus negócios. As aulas práticas são todas coreografadas e divididas em níveis evolutivos ascendentes de aluno até mestre. Desta forma, estabelece a sensação de falta aos seus consumidores de Swásthyá-Yôga, algo essencial ao espírito do capitalismo e sua prosperidade.


De uma forma ou de outra, quase todos yogi(ni)s atualmente no Brasil replicam esse modelo capitalista e mercantil yoguico deroseano, mesmo que o critiquem. Os professores que professam o Swásthyá-Yôga – e outras marcas yoguicas - se estabelecem como profissionais liberais (ou empreendedores) do mercado de trabalho (espiritual?) Yoga (Cf. CONRAD & VANES, 2014).


3. O jeito brasileiro de se manter sincrético e “ancestral”


Se há algo que os yogas brasileiros conseguem de forma única é serem atravessados de mil jeitos e, ao mesmo tempo, se apresentarem ancestrais e/ou tradicionais. É uma ambivalência que nos atravessou em todo o artigo, desde nossa personagem João Grilo que dá seus jeitos para solucionar problemas que o afligem, inventando soluções singulares. Nossas personagens do yoga nacional, também seguem os mesmos caminhos.

Hermógenes conseguiu alinhar seu yogaterapia com a biomedicina, cristianismo, espiritismo kardecista, tradição do mestre indiano Sai Baba, e ainda sim, galgar status de quase-santo no campo yoguico brasileiro (Cf. SANCHES, 2014). Luis Derose e seu swasthyá-yôga, mesmo sem algum lastro que corroborasse sua estória de yoga ancestral, anterior a invasão ariana, construiu um império e, apesar de contraditório, possui alunos fiéis à sua doutrina. Janderson Prem Baba, talvez o mais inventiva de todos seus precedentes, não só buscou legitimar seu Awaken Love Yoga por meio de visões, sonhos e todo tipo de sortilégios, re-transplanta seu yoga ritual ayahuasqueiro de volta à Índia, tornando-se um dos principais mestres de uma ordem mística yoguica em Rishikesh.


O Yoga Restaurativa da Profa. Miila Derzett faz um longo caminho pelo budismo, pesquisas em Harvard, yogaterapia hermogeana, dentre outros sincretismos e elabora um yoga agenciando um relaxamento ressignificado para mais afeto e diálogo, pois inserida num contexto psicossocial com outros problemas a serem resolvidos: o dos usuários do CAPS (Centro de Assistência Psicossocial). E a Tainá Antonio e seu Yoga Marginal, que alinhou o yoga africano, também com pouco lastro histórico, quase mítico de um egípcio antigo, com elementos da cultura hip hop carioca (o funk) e o carnaval de rua baiano (o axé) como técnicas yoguicas com fins kundalínicos.


Uma das possíveis respostas às estas inimagináveis aproximações dessem certo, pode ser a estrutura religiosa do espiritismo kardecista brasileiro, ainda no início do século XX no Brasil imperial.


Desde 1840, o brasileiro já haviam sendo apresentado ao Mesmerismo e a Homeopatia, que já estavam iniciando sua difusão nos meios mais abastados da sociedade (LUZ, 2019, pp.143-171). E, muito antes dos portugueses desembarcarem por aqui, a perspectiva xamânica dos ameríndios do Brasil pré-colonial já permitiam essa interpenetração entre o mundo dos vivos e dos mortos e processos de cura (VIVEIROS DE CASTRO, 2015, pp.171-182). É neste cadinho espiritual e pseudocientífico, religioso e xamânico nativo do final do séc. XIX no Brasil, que o Espiritismo Kardecista vai ganhando notoriedade e certa robustez de uma religião “científica”, racional e espiritual, mas não religioso. O yoga quando chega no Brasil, com Leo Costet, já havia um terreno preparado.


Todos os conceitos espirituais hinduístas já estavam, de alguma forma, inseridos das camadas sociais mais pobres, sobretudo via religiosidade afrobrasileira e de pajelança ameríndia, como expomos anteriormente; até os mais abastados. Assim, mesmo antes do Léo Costet chegar por aqui em 1940-50: ideias como reencarnação, espíritos, conceitos de karma e desenvolvimento mediúnico (similar aos siddhis yoguicos), assim como estados de transe (como os do samadhi), seres humanos “especiais” (como os mestres indianos “iluminados”) já faziam parte do imaginário e realidade, sobretudo aos futuros yogi(ni)s brasileiros, dentre eles, nossas personagens.

Agora, relembrar das epifanias de Luiz Derose com seu mestre desencarnado (um sidhanta ?), a silhueta de Sai Baba na sombra de Hermógenes ou os sonhos premonitórios de Janderson Prem Baba não soará mais tão exótico.


4. Yoga Periférico incorporado e não projetos sociais “missionários”


Projetos sociais que oferecem aulas regulares yoga às classes sociais desprivilegiadas e/ou marginalizadas não é novidade no Brasil, como trabalhos voluntários com yoga em sistemas prisionais, hospitais e regiões urbanas periféricas, a exemplo do projeto social Yoga da Maré, na favela da Maré no Rio de Janeiro, coordenado por uma portuguesa que reside no Brasil[1].


Mas o que aventamos aqui, a partir do Yoga Marginal da Profa.Tainá e do Método de Yoga Restaurativo da Profa.Miila Derzett, algo que vai além de oferecer yogas aos “necessitados”. Ambos yogas se fundem em suas comunidades; não é ensinado a eles, mas estabelecem dialética com estes. Dito mais simples, ao contrário do que se propõem muitos yogas sistematizados, os yogas marginais e restaurativos de Tainá e Miila, carregam consigo muito da Pedagogia do Oprimido contra as pedagogias anti-dialógicas, como o brasileiro Paulo Freire denominava as práticas educacionais opressoras ou “de cima para baixo”.


Mesmo que ambos yogas (Restaurativa de Miila Derzett e o Marginal de Tainá Antonio) não tragam explícito em suas biografias o método de ensino dialógico freireano, a proposta de autonomia que incluem em suas aulas, a postura revolucionária que exibem na conscientização sobre o processo de aprendizado do yoga, mas sobretudo, no incentivo a autorreflexão no ensino tanto aos usuários do CAPS em Florianópolis quanto aos jovens carentes da baixada fluminense no Rio de Janeiro, carregam em si o gene dessa pedagogia, originariamente brasileira.


Paulo Freire e sua pedagogia do oprimido ganharam destaque no país logo após a redemocratização do país, em fins dos anos 1988 sobretudo, com a nova constituição de 1988. Ele é considerado o patrono da educação brasileira, por isso, mesmo ausente da biografia dos yogas de Miila e Tainá, é lícito supor que sua filosofia da educação libertária e aos menos privilegiados possam ter aqui suas mais profundas inspirações.


A filosofia pedagógica de Paulo Freire fundamenta-se na força que o educando assimilaria conhecimento do objeto a partir do diálogo com a realidade, em contraposição a uma educação tecnicista, “bancária” e alienante. A proposta é o educando criar|inventar sua própria educação, construindo suas próprias clareiras na floresta da vida, e não obedecendo docilmente um caminho ideal já previamente construído. A educação popular, como ficou denominado seu método pedagógico, estaria voltado para a formação de uma consciência política crítica (FREIRE, 2011, pp.11-30).


O que Miila e Tainá propõem com seus yogas são linhas-de-fuga criadoras de outras formas de viver yoga ainda não experimentadas e em devir. Tento me explicar melhor, ambas yogas - Yoga Marginal com suas técnicas de sarração apropriadas do funk e do axé brasileiros, e o Método de Yoga Restaurativa com suas técnicas de relaxamento profundo -, não só apresentam e ministram doutrinas e práticas a grupos sociais que ainda não conheciam o Yoga, mas dialogam com estes mesmos indivíduos marginalizados, alguns escondidos da sociedade (como o caso dos usuários esquizofrênicos, maniáticos e diversos outros problemas psíquicos do CAPS ou os jovens periféricos da baixada fluminense). A pedagogia do oprimido que estes yogas instam jeitos de yogar e não apresentam modelos tecnicistas de organiza corpos, que mais alienam corpos e mentes do que os instigam a pensar por si-mesmos, replicando modelos de yogas europeus, norte-americanos ou indianos.


Depois desse caminho traçado, por mais de 70 anos de yoga entre brasileiros, percebemos a personagem João Grilo de Suassuna sussurrando em nossos ouvidos seus mil jeitos de engendrar meios de solucionar seus problemas com as ferramentas que possui. Os yogas brasileiros, já podemos afirmá-los sem receio ou vergonha, não são mais exóticos ou inventivos do que os próprios yogas indianos de ontem ou hoje. Se há uma essência no yoga é a sua perseverança em continuar existindo como espiritualidade viva e em devir.



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Biografia:


A Profa. Tainá Antonio é uma jovem negra nascida e criada na baixada fluminense do Rio de Janeiro – zona metropolitana e afastada da zona sul carioca, região nobre da cidade. Desde cedo percebe, como ela mesmo diz em algumas entrevistas, não havia negros nos estúdios de yoga por onde frequentava. Esse fato, associado a miséria brasileira, permeia a construção (em andamento) do seu próprio método de yoga, o Yoga Marginal, caracterizado, assim como no Yoga Restaurativa de nossa personagem anterior, de uma forte preocupação na inclusão da vida no yoga e não o oposto.


Profa. Tainá se forma como professora no curso Yoga e Educação numa escola de yoga localizada dentro bairro privilegiado e mais abastado da zona sul carioca/Rio de Janeiro. Esse contraste, entre o meio social onde nasceu, cresceu e vive ainda hoje e onde o yoga no Brasil, predominantemente, se expandiu e popularizou.


Essas circunstâncias de diferenças sociais, refletidas também no campo espiritual do yoga brasileiro, a faz perceber a própria sociedade marginalizada em que vive; e o yoga, ao invés de unir (lit. significado em sânscrito da palavra yoga), vem apartando indivíduos e sujeitando-os a modos de viver capitalista, colonial e formador de corpos dóceis e não libertos (lit. o foco do yoga, kaivalya, ou libertação). Ela mesma comenta como se sentiu quando começou a perceber o distanciamento social que os yogas promoviam no Brasil:

Era minha função estar lá dentro, aproveitar um pouco desse privilégio e depois retornar, de uma outra maneira, com uma outra metodologia, para a Baixada Fluminense, para as periferias. A ideia do Yoga Marginal surge nisso, de ressignificar os espaços de Yoga, os padrões de cor e o estereótipo que a gente cria das pessoas que fazem Yoga, que normalmente são pessoas brancas e ricas. Quando eu coloco o Yoga ao lada da palavra “marginal”, é um Yoga que parte das margens para as margens.[1]

Anos mais tarde de formada em yoga, e atuando como professora de yoga nas comunidades do Rio de Janeiro, conhece o Kemetic Yoga, um método de yoga estadunidense que encontra no Egito as origens ancestrais do yoga – antes da Índia, geografia tida como raiz do yoga. Atualmente, continua trabalhando com jovens moradores negros das comunidades periféricas do Rio de Janeiro, mas sobretudo, no durante e pós-pandemia em aulas ao vivo online por mídias sociais.


Influências:

Podemos pensar em três grandes influências ao Yoga Marginal (em desenvolvimento) da Profa. Tainá:


1. O poder do yoga como veículo de conscientização social e pedagógico;


2. O Kemetic Yoga, idealizado pelo norte-americano Elvrid C. Lawrence (Yiser Ra Hotep), que inaugura uma inversão histórica da originalidade yoguica para a África e não Índia; teoria ainda controversa nos meios acadêmicos, mas que ganha adeptos por fortalecer a identidade negra e todo um discurso decolonial para dentro do campo social espiritual yoguico;


3. A própria cultura de gueto brasileira, sobretudo, do funk carioca e do axé baiano.


O poder sociopedagógico que o Yoga Marginal vem revelando, assim como o Yoga Restaurativa da personagem anterior, um papel do yoga no Brasil que até ainda não havíamos presenciado. Mas com a Profa. Tainá essa questão se intensifica, pois é a primeira vez (ou ao menos com maior contundência) que uma moradora de zonas urbanas periféricas, e não um professor de yoga outsider, voluntariosamente, vem trazer o olhar do yoga aos carentes; aqui não, é uma insider que se apropria realmente do yoga para inventar mais um yoga brasileiro, mas agora aos marginalizados.

Esse nome foi basicamente pra caracterizar a diferença desse yoga para o outro, que é o yoga que a gente conhece do mercado. As pessoas convivem muito bem com o yoga em espaços elitizados porque já é natural faz muito tempo. Quando a gente digita yoga no Google vemos as mesmas fotos, pessoas brancas, praticando com uma roupa específica, em um espaço extremamente limpo e silencioso, de natureza intocada, tapetes caríssimos.


Então um yoga é esse e ele não me atinge, não é pra mim. E muitas pessoas de onde eu venho, da Baixada Fluminense, poderiam ter a mesma ideia. Então o "Yoga Marginal" foi pra caracterizar que existe um yoga que está à margem para essas pessoas que estão à margem.


A ideia do "Yoga Marginal" é ultrapassar essas margens que podem ser visíveis ou não. Pode ser visível por uma parede ou inviável a partir do momento que na sala não existe ninguém igual a gente. A ideia é caracterizar para as pessoas se sentirem mais atingidas por esse lugar que é delas também.[2]


A chegada do yoga que se afirma com raízes afrodescendente, o Kemetic Yoga, reforça esse background de legitimação do periférico ao campo social yoguico brasileiro, sobretudo a nossa personagem Tainá e seu Yoga Marginal. E, perceba, realmente não importa aqui, se há ou não respaldo histórico que autentique a veracidade de um yoga egípcio de fato. O relevante aqui, está no empoderamento e legitimação (autoridade inclusive) que o Kemetic Yoga trouxe ao yoga da Profa. Tainá a uma parcela negra de brasileiros, a maioria do país inclusive, em praticar o seu yoga e com elementos da sua negritude.


Na trama das influências que agenciam o Yoga Marginal, estão também as apropriações vem tecendo com o funk carioca e do axé baiano, que ajudam a moldar este yoga com uma verdadeira identificação com a cultura periférica do Brasil.


As danças e o movimento dos negros africanos escravizados se tornaram base para os ritmos dos tempos atuais, por meio da recriação e da transformação a partir do contato com outros povos. O corpo, no funk, se envolve com a música comandada pela batida e, como uma brincadeira, vive intensamente cada movimento (…) isso agencia corpos não determinados. O movimento do corpo no funk apresenta conexão com o ritmo, que é envolvente e estimulante, fortalecendo e firmando os valores identitários.


As questões identitárias do funkeiro na Baixada Fluminense, em específico, “refletem o mundo pós-moderno”, pois sua identidade sujeitada a docilização de corpos yoguicos com seus valores e padrões hinduístas, tradicionamente, a herança de quase todos os yogues do mundo moderno; aqui, no Yoga Marginal, resiste e não se deixa submeter as representações dos yogas dominantes; “é possível a ele [o funkeiro, representante do hip hop brasileiro] possuir identidades diversas em momentos diferentes, que atendam as suas [próprias] expectativas” (NOGUEIRA, 2013)[3].


Pois, semelhantemente ao que Janderson Olveira Prem Baba realizou com o swásthyá-yôga deroseano, psicoterapia nova era e o uso ritual da ayahuasca no Santo Daime; o Yoga Marginal aproxima-se do Kemetic Yoga e a religiosidade afrobrasileira, psicopedagogia e o uso ritual do gingado singular dos quadris dos bailes populares dos morros cariocas e do carnaval de rua baiano, para denominar de sarrayoga: uma técnica para liberação da energia sutil (transfisiológicas) kundalini.


Repercussões e Legado:


Mais uma vez na história dos yogas brasileiros, atravessamentos outros, cordiais e intolerantes, desterritorializam os yogas, não só invertendo um yoga das castas indianas para incorporá-lo a corpos negros e periféricos, mas também (ou por causa) se apropria da ginga brasileira, entrementes, mais do que certo horror das elites assistindo os “sagrados corpos” em posturas yoguicas se requebrando nos “profanes corpos” dos bailes funk da baixada fluminense e dos sambas-de-roda do axé baiano aos tapetes de yoga, está o deslocamento que o Yoga Marginal provoca no yoga entre os brasileiros. Profa. Tainá, provocativamente, denomina de sarrayoga esse quebrado dos quadris, em clara alusão o intercurso sexual aos mais desavisados e moralistas do campo yoga nacional.


Para o público distante da cultura brasileira, é importante ressaltar, que ambos estilos de música são considerados menores, sob a perspectiva erudita da música brasileira e da academia em geral. Um estudo sobre o funk carioca nos ajudar a compreender melhor o tamanho da heresia que a Profa. Tainá empreende quando aproxima a cultura africana do Kemetic Yoga e o funk carioca.

Em uma entrevista dia desses eu disse que o sarrayoga é um orgulho pessoal muito grande. A brincadeira cheia de fundamento, ciência e ancestralidade. E Teorizar sobre sarrayoga (por mais intelectual que eu seja, e eu sou) não faz jus à potencia que nosso corpo e nossa memória carrega. Que meu quadril seja. Viva sarrayoga e à batida preta sempre. Yoga e rebolado ativando a kundalini na mesmo proporção de cura.

A técnica do sarrayoga, extraído do funk carioca e combinado ao axé baiano, em que se combina movimentos rápidos do quadril em posturas específicas do yoga, visando a liberação da energia kundalini. Assim como os yogis indianos medievalistas o indicavam por outras técnicas yoguicas, mas da geografia indiana e religiosidade hinduísta medievalista (cf. SIMÕES, 2011, pp.43-44); hoje, jovens negros e periféricos do Brasil, visam o mesmo intento, mas por agencimentos singulares pertencentes a cartografia da cultura em que vivem.


Entrementes, muito mais do que esses elementos, aparentemente pitorescos, "folclóricos" e exóticos da “cultura brasileira” e/ou deturpações da “ancestralidade sagrada” dos yogas indianos; Profa. Tainá e o seu Yoga Marginal, revela, de forma original, uma abordagem de yoga apropriada pela população da periferia brasileira que só conhecia yoga das telenovelas, revistas elitizadas e espaços de yoga em bairros privilegiados dos grandes centros urbanos do país.


O Yoga Marginal, representa uma mulher negra e periférica-insider pensando o yoga no Brasil com os olhos, corpo e espírito de uma população, até então, invisível ao campo yoga ou, como dissertamos na subseção anterior, convidados a se adequarem aos yogas que lhes apresentam já prontos e acabados, invarialmente, por homens brancos alheios ao universo social em que se propunham divulgar o yoga deles. No caso do Yoga Marginal, está tudo em devir e sendo pensando em conjunto.

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Biografia:

Miila Derzett é uma experiente yogini brasileira, psicóloga com foco na área da psicologia social e Esquizoanálise. Além disso, é jornalista, atriz com formações em diferentes métodos de yoga e atravessada pelo budismo engajado de um mestre vietnamita e teóricos da psicologia e antropologia social.


Podemos dizer, entrementes, que foi a partir de 2005, durante um tratamento de câncer, que “se cura” e seu yoga restaurativa vai ganhando forma, como ela mesma afirma em depoimento[1].


Já professora formada, se percebe acamada e os livros do Prof.Hermógenes e seu Yogaterapia criam fissuras que a despertam para outras formas de yoga. Neste mesmo ano (2005), busca formas de prática e filosofia yoguica com menor intensidade física e, além do yogaterapia conhece o trabalho da norte-americana Judith Lasater e seu Relax and Renew; um método de yoga inspirado no mestre Iyengar e na fisioterapia que prima por variações de uma mesma postura (asana) de yoga: a postura do morto ou savasana (DERZETT, 2015, pp.15).


Logo de após de reestabelecida de um tratamento bem sucedido contra o câncer, entre os anos de 2005-2010, se formou como a primeira professora autorizada do yoga de Lasater, a assistindo no curso Relax and Renew (DERZETT, 2016, pp.101). Foi um longo período de amadurecimento e incorporação das técnicas de Lasater, mas também de aprofundamento sobre as repercussões do descanso e do relaxamento no combate ao estresse crônico. Desse caminho, até elaborar o formato do Yoga Restaurativa, passou também pelos estudos com o Prof.Herbert Benson e Gregory Frichione da Universidade de Harvard, em Boston, Estados Unidos[2].


Em paralelo a sua formação em andamento de Psicologia, se matricula como uma espécie de aluna-ouvinte no Instituto Mente e Corpo da referida universidade norte-americana, entre os anos de 2008-2014 (DERZETT, 2016, pp.118). Atualmente é uma das representantes do Protocolo de Redução de Estresse do instituto Mente e Corpo no Brasil, aplicando junto aos usuários do Centro de Assistência Psicossocial (CAPS) em Florianópolis/Brasil, e desenvolveu um sistema próprio para redução do estresse, baseado no yoga que vem desenvolvendo, o Método de Yoga Restaurativo (Ibid., pp.180-188).


Em paralelo, Miila Derzett, desde 2008, vem estabelecendo uma relação mais próxima com a comunidade (sangha) zen-budista do monge vietnamita Thich Nhat Hanh - importante nome do que se denomina como budismo engajado socialmente. Essa aproximação se intensificou nos últimos anos, sobretudo na questão do afeto e criação de laços, que vem sendo incorporada em seu yoga, diferenciando sua abordagem (Cf. DERZETT, 2019). E, até hoje publicou quatro livros: Relaxe! (2015), Super Descanso (2016), Método Restaurativo em aplicação clínica (2018), Abrace! (2019) e Revolução Restaurativa (no prelo).


Influências:

Uma das primeiras e mais fortes inspirações da Profa.Derzett foi, como adiantamos, o Yogaterapia do Prof.Hermógenes que se reflete no empenho em pensar o yoga como psicoterapia e nos enlaces com a ciência, sobretudo durante o período do câncer na sua vida. Aqui, novamente, a relação da cura e espiritualidade é fortemente inspirado no movimento nova era. Outra forte referência, como já expomos, são as técnicas yoguicas da norte-americana Judith Lasater, autora do livro Relax and Renew. Na primeira fase do desenvolvimento do yoga de Derzett, é mais marcante a proposta de Lasater, sobretudo, onde apresenta uma prática de yoga fora do escopo do senso-comum de alongamento e força; se encaminhando, na verdade, ao oposto disso.


A partir disso, um dos grandes pontos de virada, além da sua experiência do cancer, que a aproxima dos yogas menos musculares, por assim dizer, está a experiência de aplicar seu yoga em grupos vulneráveis. Dessa vivência do descanso, o não-movimento do yoga, foi compreendendo a força psicoterapêutica e as respostas dos pacientes do Centro de Assistência Psicossocial no qual estagiou durante sua graduação em Psicologia. Houve, a partir desse processo lento e gradual de amadurecimento, uma busca natural pelos estudos acadêmicos dos estados psicofísicos que o relaxamento profundo parecia acarretar. Neste ponto, as pesquisas da equipe de Benson e Frichione, parece a ter ajudado a compreender os efeitos no corpo e na mente a grupos que vulneráveis e periféricos que não tinham conseguido a ter acesso ao yoga.


Profa. Derzett chegou a cursar como aluna-ouvinte em diversas disciplinas da Antropologia e da Psicologia Social, na universidade da sua cidade. Portanto, autores como Deleuze, Guatarri, Pichon-Rivieri e outros ampliam a aproximação do seu Método Restaurativo de Yoga com as relações sociais (ou sua diminuição em sociedades capitalistas), que podem ser percebidos nos livros e artigos que publica. Mas, é a partir de um contato mais íntimo com o Budismo engajado socialmente, do monge zen vietnamita Thich Nhat Hanh, que a Profa. Miila Derzett envereda para a inclusão do diálogo e do afeto que, segundo ela, o yoga ainda estava longe de se permitir (DERZETT, 2019, pp. 53-54).

Atualmente não leciona mais aulas regulares, mas trabalha exclusivamente na formação de novos professores do método de yoga que criou, viajando pelo Brasil e Europa divulgando seu trabalho.


Repercussões e Legado:

É difícil pensar em repercussões ou legado de trabalhos que estão em ainda andamento. Ao contrário do Yogaterapia de Hermógenes e o Swásthya-Yôga de Luiz Derose que possuem mais de 50 anos no país, ou Janderson Prem Baba que estabeleceu sua própria instituição religiosa com diversos discípulos famosos, o Yoga Restaurativa da Profa.Derzett, assim como de nossa próxima personagem, são muito recentes, entrementes, já se ouve ecos.


O mais importante deles (que reverbera também com a personagem a seguir) é o aspecto de abrangência e preocupação social para grupos vulneráveis. O ineditismo aqui não reside na ideia de ser mais um “projeto social” que visa levar yoga à “comunidades carentes” do Brasil – isso já ocorreu e acontece bastante no país. Mas aqui é que está a diferença. O Yoga Restaurativa da Profa. Derzett não se apresenta a um público que necessita ser preenchido com o saber do yoga que lhes falta, mas dialogado junto.


Sem dúvidas, o yoga no Brasil é predominantemente branco, jovem e classe média e, até hoje, as experiências de yoga em favelas, hospitais, sistema único de saúde (SUS)[3], escolas periféricas ou em qualquer outro espaço público e de abrangência social, são de apresentar um yoga, invariavelmente, modelar e quase nunca de troca ou diálogo. Em outras palavras, é um professor formado ensinando a um leigo, quase como um não-iniciado se iniciando.


Só para exemplificar a mudança estrutural que essa abordagem yoguica de Miila Derzett provoca, podemos citar um extenso trabalho que analisou o impacto do yoga como prática não-convencional do SUS no Brasil. Nas considerações finais a autora, depois de elencar os resultados das entrevistas com professores de yoga neste modelo, como dieta vegetariana, aumento de vitalidade pelos respiratórios, consciência corporal, ritmo e autocontrole (musculares) pelos asanas e abstenção do tabagismo, alcoolismo e drogadição “que tem consequências daninhas para o corpo[4], mas não conseguiu identificar nenhuma contribuição social possível especificada pelos 18 professores-líderes de yoga entrevistados (SIEGEL, 2010, pp.187-188).


Se há algo que se inverte aqui, é o âmbito social na troca com esses públicos (sociais C e D), ou seja, a absoluta falta de diálogo. Por influência de experiência na psicologia social, cada processo ritual coletivo do método de yoga restaurativo tudo se abre ao conhecimento e um dos legados que se pode perceber, é a inclusão (ou o retorno?) do diálogo nas aulas de yoga. O yoga da Profa.Miila Derzett, inclui o tempo, o toque, a afetividade e o diálogo como base fundamental de seu método, pois segundo ela, formam as colunas para se atingir a dimensão e abrangência social que o yoga possui em potencial mas estava sendo negligenciado (DERZETT, 2016, pp176-179).


Assim, podemos pensar em duas repercussões, mas que outros trabalhos deverão corroborar:


1. A inversão do papel de professor de yoga de Instrutor (de técnicas, sobretudo, mas dos conceitos da filosofia yoguica), como vimos na pesquisa sobre o SUS e os “líderes de yoga” no Brasil, para o de Educador, no sentido pedagógico;


2. A inclusão da dimensão afetiva, mas sobretudo, o diálogo, ao final das práticas yoguicas.


Pode parecer pouco, sobretudo aos menos acostumados ao campo social do yoga, mas esse dois itens é uma revolução em andamento ocorrendo, como discutiremos com mais propriedade em conclusões.

[1] Cf. https://soundcloud.com/miila-derzett/como-o-cancer-me-curou-cap-ii-o-que-voce-quer-fazer-de-sua-vida, acessado 02/12/2020 [2] Herbert Benson é um dos pioneiros em pesquisas sobre a resposta do relaxamento, meditação e yoga. [3] O SUS, é o serviço social brasileiro que oferece cuidados médicos, psicológicos e odontológicos gratuitos a toda população do país que, começou também, a oferecer aulas de yoga e demais práticas médica integrativas e complementares. [4] Itálico meu, para sublinhar a dimensão exclusivamente física.

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