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Por quê o yoga não "vinga" em populações menos favorecidas economicamente? Um fato inquestionável é que há mais espaços de yoga em centros urbanos e em zonas bem mais capitalizadas do que entre populações rurais e ribeirinhas do Brasil. Quando se encontra alguma iniciativa ioguica em regiões mais pobres - em favelas, COHAB's, BNH's e zonais rurais - são iogues de regiões de maior renda fazendo (ou participando) de projetos voluntários e/ou produzindo retiros para levar outros iogues que vivem em áreas de alta renda, e não para levar a palavra e a prática do ioga para lá - invariavelmente.

Com isso não afirmo que todos os iogues sejam ricos ou que não haja iniciativas bem intencionadas de mostrar o ioga para habitantes do Vale do Jequitinhonha ou dos ribeirinhos de Macapá, mas os únicos lugares que prosperam com aulas, formações e artigos ioguicos está aonde residem a população mais rica da sua cidade. Por favor, me corrijam se estiver equivocado e em sua cidade o ioga possuem mais adeptos entre os marginalizados... Por favor, discordem de mim e me mostrem grandes espaços de ioga e trabalhos (que não sejam apenas ministrados posturas fisicas, mas que saibam e discutam os sutras de Patanjali por ex ou o vedanta). Me elenquem abaixo cidades que há mais espaços de ioga nos bairros mais pobres da sua cidade do que nos ricos. Por favor, mostrem isso pra mim...

Por quê o ioga está longe dos menos favorecidos economicamente? Seria porque os leigos pobres ainda não tiveram acesso ao riquíssimo conhecimento ancestral dos sutras de Patanjali ou a mensagem espiritual do ioga - leia-se teologia do desapego não faz o menor sentido aos despossuídos?

É um fato também que as igrejas evangélicas e sua teologia da prosperidade florescem muito bem obrigado entre as classes menos favorecidas economicamente. Seria isso coincidência? Ioga para ricos e evangelismo aos pobres?

É claro que haverá sempre algum mais romântico que argumentará que o ioga moderno - portanto, deturpado pela mente capitalista ocidental - foi corrompido pelo capitalismo e a Verdade ioguica é vendida por altos preços o que dificulta o acesso dos marginalizados economicamente. Mas há inúmeras iniciativas do ioga em regiões descapitalizadas - certeza que abaixo deste post chove de iogues bradando aos ventos que um dia ele ou aquele fez um projeto de sucesso na favela da Rocinha, mas nenhum espaço de ioga sobrevive lá e também poucos "favelados" participam de cursos de formação ou se transformarão em professores de ioga da sua comunidade -, até mesmo de aulas gratuitas em parques e praças - o ioga realmente está muito popularizado, passa até na novela da Globo! - mas ele continua sendo da elite! Me mostre quantos marginalizados economicamente participaram da sua formação de ioga ou que estavam no último evento de ioga ao ar livre que você levou o seu golden retriever para entoar mantras? O ioga brasileiro não é vira-lata, ele é de raça...

Será que o ioga e a sua "filosofia" - leia-se espiritualidade/religiosidade - continua sendo dos "brâmanes" - alta casta sacerdotal? Em palavras mais simples: só pode desapegar-se quem já tem e sente-se vazio e infeliz. Este, olha para o seu apartamento na cobertura, no seu carro do ano na garagem e observa a sua vida e sente-se infeliz e se pergunta: Por quê, se eu já tenho tudo? Talvez seja isso, o acúmulo de coisas é o que me faz infeliz, ele pensa. Assim, este iogue high society investe 25mil em uma viagem de peregrinação à Índia com o seu professor/líder de ioga, depois de pagar mais 10mil - em suaves parcelas - na formação de ioga em uma ilha paradisíaca ou em um resort.

E o marginalizado economicamente? Olha para a sua vida e deseja ter acesso ao saneamento básico, ter a casa própria, um fiat uno 99 ou uma moto CG 2005 para não mais depender do transporte público. Quando o menos favorecido economicamente compreende que o ioga prega o desapego para ser feliz; olha para a sua vida e se pergunta: do que mais desapegar-se? Prefiro o catolicismo que absolve os meus pecados da semana aos domingos, o neo-protestantismo (evangélicos) que prega a prosperidade como certeza de Deus tocando a minha vida ou as religiões afros que resolvem na hora seus problemas mais íntimos.

É claro que o bom iogue, aquele que acorda as 4:30h da manhã para praticar, que não ingere carne, usa japa-mala, cordão branco, chinelos de couro, abraça arvores e conhece Patanjali e frequenta aulas de sânscrito e vedanta, olha de cima para essa gentalha e diz para si mesmo: Um dia eles sentirão o Chamado, cada um tem o seu tempo de crescimento espiritual ou qualquer outra frase autoprotetora desse povo "pequeno" - os pobres que não sabem o que é tadasana. Ou pior, do alto da sua arrogância, indaga: Ah, mas eles não se desapegaram de seus egos ainda e isso é o foco o do ioga! Como diria meu amigo punk-rapper-iogue Couras de Birigui: "Ahã, este iogue pretensioso com certeza conseguiu né?"

Saibam, iogues verde-amarelos que o brasileiro popular, o Zé da portaria do seu prédio, a Dna Maria que trabalha na sua casa e que aprendeu a cozinhar sem carne o almoço para você, sabe e compreende muito bem a mensagem do ioga. Estes sorriem das "lajes" periféricas da sua ignorância, pois sabem que é você que ainda não se "ligou" o quanto o ioga brasileiro tem conduzindo-o ao egoísmo, a violência verbal, ao moralismo e à alienação.

Então Prof.Roberto, você não acredita no ioga como caminho espiritual? Sim, acredito, por isso que escrevi esse texto.

Atualizado: 30 de jul. de 2022


Por que hoje em dia os iogues ainda parecem se preocupar tanto com o alinhamento da coluna em trikonasana, quantidade de oxigênio absorvido pelos alvéolos durante o bhastrika, quais os músculos envolvidos na execução do surya namaskar "A" e/ou qual a área cerebral é "ativada" em meditação? Os professores de ioga estão querendo ser "aprovados" pela ciência por acaso? Até quando o ioga moderno ficará girando em círculos na busca de medicalizar-se? "Qual o melhor ásana para insônia, dor de cabeça ou ansiedade?". Ainda não se cansaram disso? O ioga possui um pensamento mágico, místico e religioso do mundo, e daí? O ioga não tem nada de científico. E nem poderia, a ciência surge séculos depois. Beleza, foi bom o ioga flertar com a ciência empirista dos ingleses que os colonizavam no início do século XX para elevar a "moral" indiana, mas já está bom, né? Já se passaram 100 anos e paga-se o preço de quase, os professores de yoa, serem regulamentados pelo Conselho Federal de Ed.Fisica.

Hoje é mais que evidente a carga "espiritual" do ioga. Os textos ioguicos de cabo-a-rabo exaltam deuses, divindades, mestres bem-aventurados e toda forma de religiosidade, vamos parar de esconder isso. Qual o medo de perceber o religioso no ioga? Nem perder alunos vamos mais, pois quem quiser utilizar o ioga como "técnica terapêutica" é só consultar o Google Acadêmico e teses, artigos e dissertações aparecerão aos milhares. E, sinceramente, é bem fácil ministrar uma aula "técnica" do que conduzir alguém ao estado meditativo do ioga (citta vrtti nirodha). Com esse discurso não quero exaltar a veia fundamentalista, pelo contrário, sou apaixonado por toda a forma de amor que os iogues modernos revelaram às formas religiosas: da Umbanda ao Santo Daime, passando pelo Yoga Cristão e até mesmo (podem pasmar) a idiossincrasia do Swásthya. Viva a diferença, mas me incomodo aqui pela indiferença. A indiferença de iogues contemporâneos em perceberem a magia/religiosidade/espiritualidade latente do ioga como promessa (como utopia religiosa) do fim do sofrimento. As suas narrativas exaltam essa possibilidade.

Sejam mais "sem-vergonhas" caros colegas iogues, ousem mais, permitam-se revelar o seu íntimo, pois é impossível viver o ioga e não ser "tocado" por essa "força"..."Força"? Olha aí o nosso vício culturalmente construído de uma realidade sem o divino, deus, algo maior de um conglomerado de células observadas, coletadas e contadas numa bancada de laboratório. O poder do conhecimento dominante no mundo moderno é o da ciência, e ela subjuga o religioso. O mesmo papel que a Igreja Católica exercia de dominação na Idade Média, a ciência (e a pseudociência) o faz modernamente. Toda argumentação moderna sobre o ioga parece precisar de uma referência bibliográfica, seja de quem traduziu os Yoga Sutras que você leu, até a razão de se aplicar suptabadha konasana de depressivos.

O ioga, como qualquer religião, vive da intuição, da magia, do sobrenatural. Começou a torcer o nariz porque o ioga não é religião? Talvez não tenha nascido uma religião, e isso se explica pela dominação religiosa do Hinduísmo sobre ele (haja vista o Budismo expulso do território indiano por não se curvar às divindades deles); mas hoje, sim, percebo o ioga como uma nova religião em processo e já desvinculado do Hinduísmo e de toda forma meio "Nova Era" que o acolheu desde os anos de 1960. A questão é que a sua educação secular, recebida por uma sociedade pretensamente laica, revela-se no exato momento em que se pronuncia a palavra religião. Você foi educado desde a infância a pensar em religião como uma "forma ordenadora de realidade que lhe privará de ver o mundo como ele realmente é!?", e a ciência, como a forma mais "pura" de enxergar o mundo. Mas a ciência não faz a mesma coisa?

A ciência também vende a "vida eterna": cosméticos anti-rugas, caminhada para prevenir uma velhice "sedentária", vitaminas, esteroides, alimentação sem gordura trans... Quem que você conhece saberia lhe explicar (e você compreender) que raios é gordura trans? Você quer mesmo viver uma vida demasiadamente humana, sem ilusões? Leia Schopenhauer e Nietzsche, eles lhe explicarão. Adoro esses filósofos, mas não gostaria de viver que tiveram: um solitário e o outro louco. Também não faço apologia a religião. Busco apenas revelar o engodo em que o ioga atual tem vivido quando tenta se mostrar "terapêutico", "laico" e "espiritual". Na verdade, quando empregam a palavra espiritual aos iogues, querem dizer exatamente religioso, mas têm medo de falar isso muito alto e serem tachados de tolos (e perderem "mercado").

A realidade é construída socialmente e os iogues vem se moldando a uma realidade social ocidental que, desde a Revolução Francesa, construiu verdadeira ojeriza por qualquer expressão hierarquicamente fundamentada por uma organização de clérigos, sacerdotes, mestres, rishis, monges, etc. No entanto, a falta de gurus tem produzido iogues órfãos, sem "pai e nem mães" espirituais. Há um batalhão de iogues que não sabem o que fazer com a religiosidade que estoura em seus peitos sempre que entoam mantras, realizam kriyas, se estabilizam em asanas, "energizam-se" com os pranayamas e elevam-se em meditação. A prática de ioga é um ritual religioso de comunhão com deus/Isvara e não com células, fibras musculares ou neurotransmissores. Tem sentido perguntar a um muçulmano quais os músculos envolvidos durante as suas orações em que realizam suas genuflexões em direção a Meca? Então, por quê essa obsessão no ritual ioguico diário? Ilusão construída por uma sociedade em que optou, conscientemente no início, em se desligar de uma identidade religiosa que os oprimia, mas que alimenta ainda hoje a ideologia que toda forma de religião deve ser abolida. O que isso causou no ioga? Perda total de sua identidade transferida simbolicamente a elementos da ciência. O ioga ressignificou muito de suas escrituras à luz da biomedicina e encaminha-se para sua secularização, ou alimenta a esperança (mas ao invés de esperar Jesus, aguarda ansioso a vinda de outro messias, o cientista-místico, como ocorre na figura de Goswami, Capra e diversos outros) de um dia a ciência explicar a "espiritualidade humana".

Bem aventurados sejam os iogues mais "vagabundos" que conheço, os que não se importam de serem quem são e viverem o ioga do coração. Esses, respondem sem vergonhadamente com outra pergunta quando lhe interrogam com ar desafiador qual a melhor postura para dor de cabeça: ASPIRINA e pare de fugir do ioga com perguntas tolas.


Foto do escritorPhD. Roberto Simões

Há muito em minhas aulas alerto do benefício de ser ler o texto mais basilar da cultura ioguica sem comentários e, só depois, ler o que outros pensaram sobre o que significam. Abaixo tive a paciência de transcrever todos os sutras de Patanjali suprimindo os comentários. Por pura praticidade utilizei as traduções de Taimni e Mehta, mas você pode e deve incluir outras.

Divirta-se!

Seção I – SAMADHI PADA I-1)Taimni: (Será feita) agora uma exposição do Yoga Mehta: Agora começa uma discussão sobre o Yoga

Gulmini: Agora, a instrução do Yoga

I-2)Taimni: Yoga é a inibição das modificações da mente Mehta:Yoga é a dissolução de todos os centros de reação da mente

Gulmini: Yoga é a supressão dos movimentos da consciência I-3)Taimni: Então, o vidente está estabelecido em sua própria natureza essencial e fundamental Mehta:Neste estado, o vidente está estabelecido em sua própria natureza original

Gulmini: Isto feito, obtém-se a permanência da testemunha em sua natureza própria I-4)Taimni: : Nos outros estados existe assimilação (do vidente) com as modificações (da mente) Mehta:Com os centros de reação não dissolvidos, o vidente permanece identificado com as tendências adquiridas da mente

Gulmini: Caso contrário, ocorre a assimilação dos movimentos I-5)Taimni: As modificações da mente são de cinco tipos e são dolorosas ou não-dolorosas Mehta: Os centros de reação são os causadores da dor ou do prazer; eles podem ser agrupados de uma maneira quíntupla

Gulmini: Os movimentos da consciência são de 5 tipos, aflitivos e não-aflitivos I-6)Taimni: (Elas são) conhecimento correto, conhecimento errôneo, fantasia, sono e memória Mehta: As tendências de reação são formadas pela razão, irracionalidade, fantasia, sono e memória

Gulmini: São eles: aferição justa, erro, composição, sono profundo e memória I-7) Taimni: (Os fatos de) conhecimento correto (são baseados em) cognição direta, inferência <associação> ou testemunho Mehta: A razão tem suas raízes na cognição sensorial, na inferência e no testemunho de autoridade reconhecida

Gulmini: As aferições justas são: percepção sensorial, inferência e cognição verbal I-8) Taimni: Conhecimento errôneo é uma concepção falsa de uma coisa, cuja forma real não corresponde a tal concepção errada. Mehta: Quando os fatos são cobertos com as super-imposições da mente, o funcionamento da irracionalidade é visto

Gulmini: O erro é um conhecimento falso, estabelecido no que não é sua natureza I-9) Taimni: Uma imagem evocada por palavras, sem base em nenhuma substância, é fantasia Mehta: A fantasia é a imagem evocada pelo estímulo de palavras sem qualquer realidade por trás de si

Gulmini: A composição é consequência do conhecimento pela palavra, e é vazia de substância I-10) Taimni: A modificação da mente baseada na ausência de qualquer conteúdo é sono Mehta: A atividade da mente que é desprovida de significado e conteúdo é semelhante à condição de sono

Gulmini: Sono profundo é movimento, com suporte na cognição da ausência I-11) Taimni: Memória é não permitir a fuga de um objeto que foi experimentado Mehta: Uma tentativa de dar continuidade a uma experiência, mesmo depois que o acontecimento tenha passado, é Memória

Gulmini: A memória consiste em não permitir a evasão do domínio objetivo apreendido I-12) Taimni: A sua (das modificações) supressão (é obtida) pela prática persistente e pelo desapego Mehta: A dissolução dos centros reativos da mente é alcançada pela prática e pelo desapaixonamento

Gulmini: A supressão destes movimentos dá-se pela disciplina e pelo desapego I-13) Taimni: : Abhyasa é o esforço para permanecer firmemente estabelecido nesse estado (de citta-vrtti-nirodha) Mehta: Prática denota um esforço com o propósito de se estar firmemente estabelecido em um estado livre de todas as tendências reativas

Gulmini: Aqui, disciplina é o esforço na estabilidade I-14) Taimni: (Abhyasa) torna-se firmemente estabelecido pela prática por longo tempo, sem interrupção e com reverente devoção Mehta: A prática deve ser prolongada, ininterrupta e plena de ardor ou entusiasmo

Gulmini: Quando cultivada por longo tempo, sem interrupção e com reverência, torna-se firmemente consolidada I-15) Taimni: A consciência de perfeito domínio (dos desejos) no caso de alguém que tenha deixado de ansiar por objetos vistos ou não vistos é vairagya Mehta: O desapaixonamento é uma condição livre de todas os motivos, sejam aqueles que surgem de um desejo por alguma coisa que tenha sido experimentada ou por alguma coisa que tenha sido experimentada ou por algo que ainda não foi experimentado

Gulmini: Desapego é o discernimento sob comando daquele que está livre da sede do domínio objetivo das coisas vistas e ouvidas por tradição I-16) Taimni: Este é o mais elevado vairagya, no qual, devido ao percebimento do purusa, cessa o mais leve desejo pelos gunas Mehta: No desapaixonamento, devido ao estado de percebimento, há um completo desapego das atividades dos três atributos ou gunas

Gulmini: Superior a este desapego é a indiferença pelos aspectos fenomênicos, nascida da revelação do ser incondicionado I-17) Taimni: Samprajnata samadhi é aquele que é acompanhado por raciocínio, reflexão, bem-aventurança e sentido de puro ser Mehta:Pensamento dialético, mentalização ativa, abundância de interesses e individualidade distintiva são os fatores constituintes de samprajnata samadhi ou experiência com o pensamento-hábito atuando como um centro

Gulmini: A integração denominada “com todo o saber intuitivo” é seguida pela natureza do raciocínio, da sondagem, da felicidade sublime e do sentido de autoafirmação I-18) Taimni: A impressão remanescente que perdura na mente com a supressão do pratyaya, após a prática anterior, é a outra (isto é, asamprajnata samadhi) Mehta: Quando a consciência retém apenas impressões dos fatos sem suas associações psicológicas, então atinge-se asamprajanata samadhi ou uma experiência sem qualquer centro-hábito

Gulmini: A outra integração (denominada “além de todo saber intuitivo”) é precedida pela disciplina sobre a cognição da cessação, e extingue impressões latentes I-19) Taimni: Daqueles que são videhas e prakrtilayas, o nascimento é a causa Mehta: A mediunidade, seja natural ou causada por fatores materiais ou físicos, não deve ser confundida com samadhi ou experiência espiritual

Gulmini: A cognição dos estados da existência pertence aos incorpóreos e aos absorvidos na matriz fenomênica I-20) Taimni: (No caso) dos outros (upaya-pratyaya yogis), fé, energia, memória e grande inteligência precedem e são necessárias para o samadhi Mehta: A experiência espiritual de natureza verdadeira surge quando a consciência está impregnada de fé, energia, reminiscência e inteligência

Gulmini: No caso dos outros (os yogin), a outra integração (“além de todo saber intuitivo”) é precedida por: fé, força heroica, memória, integração e saber intuitivo I-21) Taimni: (O samadhi) está mais perto para aqueles cujo desejo (pelo samadhi) é intensamente forte Mehta: Tal experiência espiritual acontece com aquele que está ardente com intensidade I-22) Taimni: Mas uma diferenciação (surge) em razão da suave, média ou intensa (natureza dos meios empregados) Mehta: É a natureza da intensidade que determina o padrão para que os meios empregados sejam suaves, médios ou fortes I-23) Taimni: Ou pela auto-entrega a Deus Mehta:A verdadeira espiritualidade é caracterizada por um súbito voltar-se para a direção de Deus ou para a Realidade Última I-24) Taimni: Isvara é um purusa particular, que é incólume ás afiliações da vida, às ações e aos resultados e impressões produzidos por essas ações Mehta: Deus é aquele Principio distintivo que permanece intocado pelas aflições da vida, pelos frutos da ação, ou por qualquer motivação I-25) Taimni: Nele está o limite mais elevado da Onisciência Mehta: O Principio Último representa a qualidade insuperável de Onsicencia I-26) Taimni: Não estando condicionado pelo tempo, Ele é o Instrutor até mesmo dos Antigos Mehta: É o antigo dos antigos, pois Ele realmente é Atemporal I-27) Taimni: Sua designação é Om Mehta: No campo de Tempo, Ele é simbolizado por Om ou Pranaya I-28) Taimni: : Sua constante repetição e meditação sobre seu significado Mehta: Na repetição de Om é preciso haver reflexão em meio à repetição I-29) Taimni: Daí (resulta) o desaparecimento dos obstáculos e a orientação da consciência para o interior Mehta: É o que capacita a consciência a voltar-se para dentro, resultando na eliminação de todos os obstáculos I-30) Taimni: Doença, languidez, dúvida, negligência, preguiça, mundanalidade, ilusão, não-conquista de um estágio, instabilidade, este (nove) causam a distração da mente e são os obstáculos Mehta: Os obstáculos são distrações causadas por doença, entorpecimento, dúvida, negligencia, preguiça, anelo, ilusão, não-atingimento do objetivo desejado e instabilidade I-31) Taimni: Dor (mental), desespero, nervosismo e respiração difícil são sintomas de uma condição mental dominada por distrações Mehta: Os sintomas de uma mente distraída são a morbidade, o tédio, o nervosismo e a respiração difícil I-32) Taimni: Para remover esses obstáculos (deveria haver) a prática constante de uma verdade ou principio Mehta: A remoção destes obstáculos demanda atenção unidirecionada I-33) Taimni: A mente torna-se clara pelo cultivo de atitudes de cordialidade, compaixão, alegria e indiferença diante da felicidade, miséria, virtude e vício, respectivamente Mehta:Quando os obstáculos são removidos, uma nova abordagem do relacionamento humano é revelada e é simbolizada pela amizade, compaixão, alegria e consideração para com a felicidade ou sofrimento, virtude ou vício do outro I-34) Taimni: Ou pela expiração e retenção da respiração Mehta: A tranqüilidade da atenção unidirecionada torna-se possível, em parte, por meio de uma respiração regular I-35) Taimni: A ativação dos sentidos (superiores) também ajuda a estabelecer firmeza na mente Mehta: A estabilidade da mente é também possível através da mudança dos sentidos do sensual para o sensório I-36) Taimni: Também (através de estados experimentados interiormente) serenos ou luminosos Mehta: Serenidade e uma perceção mental clara permite movermo-nos para a atenção unidirecionada I-37) Taimni: Também a mente fixada naqueles que estão livres de apego (adquire firmeza) Mehta: Somos capazes de nos mover na direção da atenção unidirecionada, ao visualizarmos aquela condição de mente que está livre das atrações dos opostos I-38) Taimni: Também (a mente) apoiada em conhecimentos obtidos durante o sono, com ou sem sonhos (adquirirá firmeza) Mehta: Isso requer uma inquirição sobre a atividade das camadas subconscientes e inconscientes da mente I-39) Taimni: Ou pela meditação que se desejar Mehta:Isso é possível apenas seguindo o caminho da meditação que se considerar mais conveniente I-40) Taimni: Sua maestria estende-se desde o átomo mais ínfimo até a grandeza infinita Mehta: Com a remoção dos obstáculos surge o domínio da cognição e da ação que se estende do menor até o maior I-41) Taimni: No caso de alguém cujas citta-vrttis foram quase completamente aniquiladas, ocorre a fusão ou completa absorção recíproca do conhecedor, do conhecimento e do conhecido, como no caso de uma jóia transparente (colocada sobre uma superfície colorida) Mehta: No caso de alguém cujas tendências reativas tenham sido quase completamente eliminadas, surge uma fusão do conhecedor com o conhecido e o conhecimento, do mesmo modo que a jóia transparente funde-se com a cor da superfície em que repousa I-42) Taimni: Savitarka samadhi é aquele em que o conhecimento baseado somente em palavras, o conhecimento real e o conhecimento comum baseados na percepção sensorial ou no raciocínio, estão presentes em um estado de mistura e a mente passa, alternadamente, de um para outro Mehta: No savitarka samadhi, uma experiência que tem como centro a modificação-pensamento, observa-se uma confusão mental, porque a mente alterna-se entre pensamento verbal e conceitual I-43) Taimni: Na clarificação da memória, quando a mente perde sua natureza essencial (subjetividade), por assim dizer, e somente o conhecimento real do objeto brilha (através da mente), nirvitarka samadhi é atingido. Mehta: Nirvitarka-samadhi – a experiência na qual não existe o centro da modificação-pensamento – é alcançada quando, em virtude da purificação da memória, as projeções subjetivas da mente são abandonadas I-44) Taimni: Dessa maneira (como foi dito nos dois sutras precedentes), samadhi de savicara, nirvicara e estágios mais sutis (I-17) também foram explicados Mehta:O problema do savitarka e nirvitarka samadhi – uma experiência com ou sem centro de modificação-pensamento – indica uma investigação nas camadas mais sutis e profundas da mente I-45) Taimni: O domínio de samadhi, no que concerne aos objetos sutis, estende-se ao estagio (último) alinga dos gunas Mehta:Até mesmo o pensamento mais abstrato não pode ir além do campo de alinga ou prakrti – ou seja, além do campo da manifestação. I-46) Taimni: Esses (estágios que correspondem aos objetos sutis) constituem somente samadhi com “semente” Mehta:Mesmo este centro circunda uma semente-pensamento I-47) Taimni: Ao alcançar a pureza máxima do estágio nirvicara (de samadhi) dá-se o alvorecer da luz espiritual Mehta: Na completa cessação do pensamento surge a preciosa dádiva da iluminação espiritual I-48) Taimni: Nesse (estágio) a consciência é portadora de Verdade e Religião Mehta: Somente então a Sabedoria portadora da Verdade desponta na outrora limitada consciência do homem I-49) Taimni: O conhecimento baseado em inferência ou testemunho é diferente do conhecimento direto, obtido nos mais elevados estados de consciência (I-48), porque está confinado a um objeto particular (ou aspecto) Mehta:O conhecimento direto é totalmente diferente do conhecimento derivado da inferência e do testemunho, pois, enquanto o ultimo é conhecimento generalizado, o primeiro é o conhecimento do único e do particular. I-50) Taimni: A impressão produzida por ele (sabija samadhi) obstrui o caminho de outras impressões Mehta:Quando há um pensamento com um centro, as impressões, aderidas a este centro, impedirão o despontar de nova luz na consciência. I-51) Taimni: Com a supressão até mesmo daquela (impressão), devido à supressão de todas (as modificações da mente), samadhi “sem semente” (é atingido). Mehta: Quando o próprio núcleo de identidade é destruído, há uma completa cessação de todas as tendências reativas, trazendo assim à existência nirbija samadhi, ou uma experiência na qual não há sem mesmo uma semente-pensamento agindo como um centro. Seção II – SADHANA PADA II-1) Taimni: Austeridade, auto-estudo e entrega a Isvara constituem o Yoga preliminar. Mehta: Austeridade, auto-estudo e aspiração constituem a disciplina preliminar do Yoga. II-2) Taimni: (Kriya-yoga) é praticada para atenuar os klesas e produzir o samadhi. Mehta: Seu propósito é diminuir o impacto das aflições e levar o aspirante à verdadeira iluminação espiritual. II-3) Taimni: Falta de percebimento da Realidade, o senso de egoísmo ou “egoidade”, atrações e repulsões em relação a objetos e o forte desejo de viver são as grandes aflições ou casas de todas as misérias da vida. Mehta: As causas das aflições residem na ignorância, falsa identificação, atração, repulsão e desejo de continuidade. II-4) Taimni: Avidya é a origem daqueles que são mencionados em seguida, estejam estes no estado dormente, atenuado, alternante ou expandido. Mehta: Avidhya ou ignorância dá origem à aflições, que podem ser latentes tênues, intermitentes ou plenamente ativas – ou todas estas condições. II-5) Taimni: Avidya é tomar o não-eterno, impuro, mal e não-atman como sendo o eterno, puro, bem e atman, respectivamente. Mehta: Avidhya ou ignorância é confundir o transitório, o composto (impuro), o gerador da dor, o irreal (o adquirido) com o Eterno, o Puro, o Doador de felicidade e o Real ou o Original. II-6) Taimni: Asmita é a identificação ou mistura, por assim dizer, do poder da consciência (purusa) com o poder da cognição (buddhi). Mehta: Em asmita ou o sendo do eu (i-ness), o instrumento da percepção é considerado idêntico àquele que percebe. II-7) Taimni: A atração que acompanha o prazer é raga. Mehta: Raga ou atração é a busca de prazer. II-8) Taimni: A repulsão que acompanha a dor é dvesa. Mehta: Dvesa ou repulsão é evitar a dor. II-9) Taimni: Abhinivesa é o forte desejo de viver que domina até mesmo os eruditos (ou os sábios). Mehta: Abhinivesa ou ânsia de viver é o desejo de continuidade, que se encontra em todos, até mesmo entre os eruditos. II-10) Taimni: Esses, os (klesas) sutis, podem ser reduzidos pela sua reabsorção de volta à sua origem. Mehta:Para resolver todas as aflições, é necessário descobrir como elas surgem. II-11) Taimni: Suas modificações ativas devem ser suprimidas pela meditação. Mehta:Apenasna meditação é possível uma completa cessação de todas as aflições. II-12) Taimni: O reservatório dos karmas, os quais estão enraizados nos klesas, causa toda a espécie de experiências na vida presente e nas futuras. Mehta: Nas aflições reside toda à base de funcionamento do karma, e é daí que se expressa no presente e no futuro. II-13) Taimni: Enquanto a raiz estiver ali, precisa amadurecer e resultar em vidas de diferentes classes, duração e experiências. Mehta: Enquanto a raiz do karma permanecer, os fatores limitantes de natureza objetiva ou subjetiva continuarão a operar com relação a todas as experiências. II-14) Taimni: Elas terão alegria ou tristeza como seu fruto, conforme sua causa seja virtude ou vício. Mehta: Devido a esses fatores limitantes, sejam agradáveis ou desagradáveis, os frutos do karma, de felicidade ou sofrimento, precisam ser colhidos. II-15) Taimni: Para quem desenvolveu o discernimento, tudo é miséria por causa da dor resultante das mudanças, ansiedades e tendências bem como dos conflitos que permeiam o funcionamento dos gunas e das vrttis (da mente). Mehta: Para o sábio, todas as mudanças que surgem do conflito dos opostos são repugnantes, devido à tríplice miséria que acarretam. II-16) T: O sofrimento que ainda não chegou pode e deve ser evitado. Mehta: O sofrimento que ainda não chegou pode ser evitado. II-17) T: A causa daquilo que deve ser evitado é a união do vidente com o visto. Mehta: No fenômeno obseravdor-observado encontra-se a causa do sofrimento que pode ser evitado. II-18) Taimni: O visto (lado objetivo da manifestação) consiste de elementos e órgãos dos sentidos; tem por natureza a cognição, a atividade e a estabilidade (sattva, rajas e tamas) e tem por propósito (proporcionar ao purusa) experiências e liberação. Mehta:O observado vem à existência quando o impacto dos sentidos é modificado pelas gunas ou pelos três fatores condicionantes da mente por causa da busca de preenchimento da própria mente. II-19) Taimni: Os estágios dos gunas são o particular, o universal, o diferenciado e o indiferenciado. Mehta: As manifestações das gunas ocorrem em função do passivo ou do ativo, do tosco ou do sutil. II-20) Taimni: O vidente é pura consciência, mas, apesar de puro, parece ver através da mente. Mehta: O observador, ao invés de manifestar puro percebimento, vê através da tela conceitual da mente. II-21) Taimni: A própria existência do visto é por sua causa (Isto é, prakriti existe somente para servir ao purusa). Mehta: A natureza e o conteúdo do observado existem para a manutenção da continuidade do observador. II-22) Taimni: Embora o visto torne-se não existente para aquele cujo propósito foi cumprido, continua a existir para os outros, por ser comum a todos (além dele). Mehta: Para aquele que não objetiva realizar-se através da existência do observado, o observado não existe; mas para os demais ele continua a existir. II-23) Taimni: O propósito da união de purusa e prakrti é a conscientização, pelo purusa, de sua verdadeira natureza e do desenvolvimento dos poderes inerentes a ele e a prakrti. Mehta: O fenômeno observador-observado cria um relacionamento de possuir e de ser possuído. II-24) Taimni: Sua causa (da união de purusa e prakrti) é a falta de percebimento (por parte do purusa) de sua real natureza. M: Este desejo de possuir e de ser possuído é motivado por avidya ou ignorância. II-25) Taimni: A dissociação de purusa e prakrti, resultante da dispersão de avidya, é o verdadeiro remédio e (esta dissociação) é a Libertação do vidente. Mehta: Com a dissolução da ignorância, desaparece o fenômeno obseravdor-observado, resultando na emergência da percepção pura. II-26) Taimni: A prática ininterrupta do percebimento do Real é o meio para a dispersão (de avidya). Mehta:Um percebimento ininterrupto é a única maneira de dissolver avidya ou ignorância. II-27) T: Em seu caso (de purusa) o mais elevado estágio de Iluminação é alcançando em sete estágios. Mehta: Este percebimento deve cobrir a totalidade de nossa existência

II-28) Taimni: Da prática dos exercícios que compõem o Yoga, da destruição da impureza, brota a iluminação espiritual, que evolui para o percebimento da Realidade. Mehta:O propósito da disciplina do Yoga é eliminar as impurezas causadas pelo processo do condicionamento, de modo que a Luz do Puro Percebimento Incondicionado possa brilhar. II-29) Taimni: Auto-restrições, observâncias, postura, controle da respiração, abstração, concentração, contemplação e êxtase são as oito partes (da autodisciplina do Yoga). Mehta: Os oito instrumentos do Yoga são abstinências, observâncias, postura, controle da respiração, abstração, percebimento, atenção e comunhão ou absorção. II-30) Taimni: Os votos de auto-restrições compreendem abstenções de violência, de falsidade, de roubo, de incontinência, e de cobiça. Mehta: Não-violência, não falsidade, não-roubar, não-indulgência e não-possessividade são as abstinências. II-31) Taimni: Estes (os cinco votos) impedem de classe, lugar, tempo ou ocasião, e, estendendo-se a todos os estágios, constituem o Grande Voto. Mehta: Este é o Grande Voto, em cuja observância não devem interferir fatores biológicos, nem físicos, nem sociais. II-32) Taimni: Pureza, contentamento, austeridade, auto-estudo e auto-entrega constituem as observâncias. Mehta:Pureza, contentamento, simplicidade, auto-estudo e aspiração são as regras de observância. II-33) Taimni: Quando a mente é perturbada por pensamentos impróprios, a constante ponderação sobre os opostos (é o remédio). Mehta: Quando a mente está distraída por pensamentos não-desejados, precisamos investigar a natureza do oposto. II-34) Taimni: Uma vez que os pensamentos e as emoções (e ações) impróprios, como os de violência etc., sejam eles gerados diretamente, indiretamente ou aprovados, sejam eles causados por avidez, ira ou ilusão, e ou se apresentem em grau suave, médio ou intenso, resultam em dor e ignorância sem fim: por esta razão existe a necessidade de ponderar sobre os opostos. Mehta: Quando surgirem tendências indesejáveis, tais como violência, seja por indulgência, provocação ou conivência, devido às motivações do ganho, do ressentimento ou da ilusão, expressando-se em formas suaves, médias ou excessivas, causando pesar e percepção distorcida, investigue o conteúdo e as implicações do oposto. II-35) Taimni: Estando (o yogi) firmemente estabelecido na não-violência, deixa de existir hostilidade em (sua) presença. Mehta: Quando nos estabelecemos em ahimsa ou não-violência, não pode existir hostilidade ou ressentimento em suas cercanias. II-36) Taimni: Estando firmemente estabelecido na veracidade, o fruto (da ação) repousa somente na ação (do yogi). Mehta: Para aquele que está estabelecido em satya ou não-falsidade, a própria ação é sua recompensa. II-37) Taimni: Estando firmemente estabelecido na honestidade, todas as espécies de gemas apresentam-se (ante o yogi). Mehta: Quando estamos estabelecidos em asteya ou não-roubar, sentimos como se estivéssemos de posse de toda a riqueza do mundo. II-38) Taimni: Estando firmemente estabelecido na continência sexual, o vigor (é adquirido). Mehta: Quando estamos estabelecidos e, brahmacarya ou não-indulgência, somos dotados de inexaurível energia. II-39) Taimni: Com o estabelecimento da não-possessividade, surge o conhecimento de “como” e do “porquê” da existência. Mehta: Quando estamos estabelecidos e, aparigraha ou não-possessividade, começamos a compreender o significado da existência. II-40) Taimni: Da pureza física (surge) repulsa pelo próprio corpo e indisposição para o contato físico com outros. Mehta: Pureza indica indiferença para com as reivindicações do eu e um retiro, de tempos em tempos, para a reclusão ou solidão. II-41) Taimni: Da pureza mental (surge) pureza de sattva, disposição ao contentamento, unidirecionalidade, controle dos sentidos e aptidão para a visão do Eu. Mehta:Da purificação da mente surge disposição, unidireção, controle dos sentidos e clareza de percepção. II-42) Taimni: Superlativa felicidade resulta do contentamento. Mehta: Quando estamos estabelecidos em santosa ou auto-suficiencia surge uma alegria incomparável. II-43) Taimni: Pefeição dos órgãos dos sentidos e do corpo, com a destruição das impurezas por meio de austeridades. Mehta: Através da remoção das impurezas chegamos à austeridade ou tapa, onde o corpo e os sentidos adquirem grande sensibilidade. II-44) Taimni: Do auto-estudo resulta a união com a deidade desejada. Mehta: Através do auto-estudo ou svadhyaya, descobrimos a tendência de nossas aspirações mais elevadas. II-45) Taimni: Conquista de samadhi pela auto-entrega a Deus. Mehta: A reta orientação ou Isvara-pranidhana permite-nos chegar ao estado de contemplação. II-46) Taimni: A postura (deve ser) estável e confortável. Mehta: A postura dever ser firme e relaxada. II-47) Taimni: Pelo relaxamento do esforço e da meditação no “Infinito” (a postura é dominada). Mehta:Deve ser conquistado por meio de um estado de passividade alerta. II-48) Taimni: Então não há ataque dos pares de opostos. Mehta:É aquele estado onde não há atração dos opostos. II-49) Taimni: : Isto tendo sido (realizado), (segue-se) pranayama, que é a cessação de inspiração e expiração. Mehta:Tendo isso sido realizado, deve haver pranayama ou controle da respiração, que é a criação de um intervalo entre a inspiração e a expiração. II-50) Taimni: (Consta de) modificações externa, interna ou suprimida; é regulado por lugar, tempo e número (e se torna progressivamente) prolongado e sutil. Mehta: O intervalo é regulado por lugar, tempo e número e é profundo e silencioso. II-51) Taimni: O pranayama que vai além da esfera do interno e do externo é a quarta (variedade). Mehta: Quando o intervalo não é acompanhado por inspiração e expiração, então é um estado avançado de controle da respiração. II-52) Taimni: A partir disso desaparece o que encobre a luz. Mehta: No intervalo surge uma clareza de percepção. II-53) Taimni: E a mente fica preparada para a concentração. Mehta: Ele prepara a mente para o estado de dharana ou percebimento. II-54) Taimni: Em pratyahara, ou abstração, é como se os sentidos imitassem a mente, retirando-se dos objetos. Mehta: Quando os sentidos imitam a mente em sua ação de recolhimento isso é denominado pratyahra ou abstração. II-55) Taimni: Segue-se então o completo domínio dos sentidos. Mehta: Disto advém a maior elasticidade dos sentidos. Seção III – VIBHUTI PADA III-1) Taimni: Concentração é o confinamento da mente dentro de uma área mental limitada (objeto de concentração). Mehta: A definição da extensão interna de percepção é dharana ou percebimento. III-2) Taimni: Fluxo ininterrupto (da mente) na direção do objeto (escolhido para meditação) é contemplação. Mehta: Neste estado, observar o fluxo do pensamento sem qualquer interrupção é dhyana ou atenção. III-3) Taimni: A mesma (contemplação), quando há consciência somente do objeto de meditação e não de si mesma (a mente), é samadhi. Mehta: Isso é verdadeiramente samadhi, ou comunhão, onde apenas o objeto é visto, negando-se completamente a presença do observador. III-4) Taimni: Os três em conjunto constituem samyama. Mehta:Os três juntos constituem samyama ou meditação. III-5) Taimni: Pelo seu (de samyama) domínio (surge) a luz da consciência superior. Mehta:Através do estado de meditação, penetramos na Luz da Sabedoria. III-6) Taimni: Sua (de samyama) aplicação (se dá) por estágios. Mehta:A experiência de samyama ou meditação precisa comunicar-se gradualmente em estágios ou graus. III-7) Taimni: Os três são internos em relação aos precedentes. Mehta: Os três (dharana-dhyana-samadhi) são internos, comparados com os cinco instrumentos externos. III-8) Taimni: Mesmo esse (sabija samadhi) é externo em relação ao sem-semente (nirbija samadhi). Mehta:No entanto, mesmo os três externos comparados ao “sem-semente”. III-9) Taimni: Nirodha parinama é aquela transformação da mente na qual esta é progressivamente permeada pela condição de nirodha, que intervém momentaneamente entre uma impressão que desaparece e outra impressão que a substitui. Mehta: Há uma transformação na qual a mente está cônscia do intervalo entre a cessação e o reaparecimento do processo do pensamento. Essa transformação é chamada nirodha-parinãma ou percebimento do intervalo. III-10) Taimni: Seu fluxo torna-se tranqüilo pela impressão repetida. Mehta: Cresce firmemente em maior sensibilidade. III-11)Taimni: Samadhi parinama é aquela transformação que consiste no desaparecimento (gradual) das distrações com simultâneo surgimento da unidirecionalidade. Mehta: Há uma transformação na qual a mente está ciente do silencio que surge com a cessação das distrações. Essa transformação é conhecida como samadhi-parinãma ou o percebimento da quietude. III-12) Taimni: Assim também, a condição da mente em que o “objeto” (na mente) que desaparece é sempre exatamente similar ao “objeto” que surge (no momento seguinte) é denominada ekagrata parinama. Mehta: Há uma transformação na qual o percebimento da mente não é submetido à mudança, quer haja ruído ou cessação do ruído. Essa transformação é conhecida como ekagrata parinama ou percepção do silêncio em meio ao ruído. III-13) Taimni: Essas transformações da mente são refletidas na qualidade, nas tendências e nos padrões de comportamento, tanto no nível estrutural quanto funcional da existência do homem. Mehta: Desse modo (pelo que foi dito nos últimos quatro sutras) as transformações de prosperidade, característica e condição nos elementos e nos órgãos dos sentidos também ficam explicados. III-14) Taimni: O substrato é aquele no qual as propriedades – latentes, ativas ou não-manifestadas – são inerentes. Mehta: O Imanifesto é a Base ou substrato no qual todas as expressões do passado, presente e fututo residem. III-15) Taimni:A causa da diferença na transformação é a diferença no processo subjacente. Mehta: A causa das diferenças nas expressões deve-se ao fator da sucessão do tempo. III-16) Taimni: Pela aplicação de samyama aos três tipos de transformações (nirodha, samadhi e ekagrata), o conhecimento do passado e do futuro (é obtido). Mehta: A mente nova, caracterizada pela tripla transformação, pode compreender a natureza do Tempo. III-17) Taimni: O som, seu significado (oculto), e sua idéia (presente na mente no momento) apresentam-se juntos em um estado confuso. Aplicando samyama (ao som) eles (o som, seu significado e sua idéia) separam-se e surge a compreensão do significado dos sons emitidos por qualquer ser vivo. Mehta: Através da comunhão com o significado verbal, com a significação projetada e com o conteúdo real, a confusão entre eles é removida, o que nos permite compreender o real significado da palavra pronunciada seja por quem for. III-18) Taimni: Pela percepção direta das impressões (é obtido) o conhecimento do nascimento anterior. Mehta:Através da comunhão com nossas próprias tendências inerentes, podemos compreender a natureza de nossas encarnações anteriores. III-19) Taimni: (Pela percepção direta, através do samyama), da imagem que ocupa a mente, (é obtido) conhecimento da mente dos outros. Mehta: Através da comunhão com as expressões do pensamento do outro, podemos compreender como sua mente funciona. III-20) Taimni: Não incluindo, porém, outros fatores mentais que apóiam a imagem mental, pois este não é o objeto (de samyama). Mehta: Isso, contudo, não nos habilita a conhecer os fatores motivadores que sustentam e suportam aquelas imagens-pensamento. III-21) Taimni: Aplicando samyama ao rupa (um dos cinco tanmatras), com a suspensão do poder receptivo, o contato entre o olho (do observador) e a luz (do corpo) é interrompido, e o corpo torna-se invisível Mehta: Através da meditação no corpo da forma, a consciência retira-se de seu foco físico e alcança um “estado interno”. III-22) Taimni: Pelo que foi dito antes, pode ser compreendido o desaparecimento do som etc. Mehta: Isso indica que atingiu um estado interno através da meditação no som. III-23) Taimni: O karma é de dois tipos: ativo e dormente. Aplicando samyama a eles (é obtido) o conhecimento da hora da morte; e também (aplicando samyama) aos presságios. Mehta: O karma pode ser maduro bem como imaturo – aquele que produziu um efeito, e o que não produziu. Ao entrarmos em comunhão com o efeito, podemos compreender, através de sinais e indícios, a maneira de dissolver a causa determinante. III-24) Taimni: (Aplicando samyama) à amizade etc., (produz-se) o fortalecimento (da qualidade). Mehta:Através da comunhão com a virtude, descobrimos a nascente da força interior. III-25) Taimni:(Aplicando samyama) à força (dos animais), (obtém-se) a força de um elefante etc. Mehta: Esta força interior libera em nós um manancial inexaurível de energia. III-26) Taimni: Conhecimento do (que é) pequeno, do (que está) oculto ou distante, (obtém-se) direcionando a luz da faculdade superfísica. Mehta:Ao projetarmos os poderes ampliados da percepção dos sentidos, podemos conhecer o pequeno, o oculto e o distante. III-27) Taimni: Conhecimento do sistema solar (obtém-se) pela aplicação de samyama ao Sol. Mehta: Ao refletirmos sobre as forças solares, podemos compreender a natureza do sistema solar. III-28) Taimni: (Aplicando samyama) à Lua (obtém-se) conhecimento em relação à configuração das estrelas. Mehta: Ao refletirmos sobre a Lua podemos compreender a configuração das estrelas. III-29)Taimni: (Aplicando samyama) à estrela polar (obtém-se) conhecimento dos seus (das estrelas) movimentos. Mehta: Ao refletirmos sobre a Estrela Polar, podemos compreender o Grande Projeto subjacente ao movimento das estrelas. III-30) Taimni:(Pela aplicação de samyama) ao centro do umbigo (obtém-se) conhecimento da organização do corpo. Mehta: Através da concentração no chackra do umbigo, podemos compreender o funcionamento apropriado do mecanismo do corpo. III-31) Taimni: (Pela aplicação de samyama) à garganta (obtém-se a) cessação da fome e da sede. Mehta:Através da concentração na cavidade da garganta, podemos controlar os impulsos da fome e da sede. III-32) Taimni: (Aplicando samyama) ao kurma-nadi (nervo específico que atua como veículo do prana) (obtém-se a) imobilidade. Mehta: Através da concentração em kurma nadi, o canal nervoso na região do peito, alcançamos a estabilidade do corpo. III-33) Taimni: Aplicando samyama) à luz sob a coroa da cabeça (obtém-se a) visão dos Seres que atingiram a perfeição. Mehta: Através da concentração na região da coroa da cabeça, obtemos uma perfeita clareza de percepção. III-34) Taimni:(Conhecimento) de todas as coisas por intuição. Mehta:Mas a ilusão habilita-nos ao insight de todas as coisas. III-35) Taimni:(Aplicando samyama) ao coração (obtém-se o) percebimento da natureza da mente. Mehta: Através da meditação no coração, surge um percebimento do funcionamento de toda a extensão da consciência. III-36) Taimni: Experiência é o resultado da inabilidade em distinguir entre o purusa e o sattva, embora os dois sejam absolutamente distintos. Conhecimento do purusa resulta de samyama (aplicado) ao Auto-interesse (do purusa), separado do interesse de outrem (de prakrti). Mehta: Nas experiências normais, o observador e o sujeito são indistinguíveis, mesmo que sejam absolutamente distintos um do outro. É através da compreensão da automotivação do observadoir que a distinção entre os dois é conhecida e, portanto, surge o conhecimento do sujeito. III-37) Taimni: Daí são gerados audição, tato, visão, paladar e olfato intuicionais. Mehta: Então confere-se às experiências dos sentidos q qualidade dimensional da intuição. III-38) Taimni: Eles são obstáculos no caminho do samadhi e poderes quando a mente está voltada para fora. Mehta: Os poderes psíquicos são um grande obstáculo quando a consciência não está misticamente orientada.

III-39) Taimni: A mente pode entrar no corpo de outro por meio do relaxamento da causa da escravidão e da posse do conhecimento das passagens. Mehta: Quando somos capazes de dissociarmo-nos dos efeitos do karma de nosso passado e quando conhecemos a requerida técnica, podemos entrar na consciência e no corpo do outro. III-40) Taimni: Pelo domínio de udana (obtém-se) a levitação e o não contato com a água, o lodo, os espinhos etc. Mehta: Através do controle sobre udana ou o prana ascendente, podemos adquirir os poderes da levitação. III-41) Taimni: Pelo domínio de samana (obtém-se) o aviamento do fogo gástrico. Mehta:Através do controle sobre samana, o alento vital que cobre a região entre o coração e a área do umbigo, o corpo torna-se flamejante e fulgente. III-42) Taimni: Pela aplicação de samyama à relação entre o akasa e o ouvido (obtém-se) a audição superfísica. Mehta: Ao estabelecer um relacionamento entre o órgão da audição e akasa ou Espaço, podemos desenvolver os poderes da audição divina. III-43) Taimni: Pela aplicação de samyama à relação entre o corpo e akasa e, ao mesmo tempo, produzindo a fusão da mente com (algo) leve (como) o algodão (obtém-se o poder de) viajar pelo espaço. Mehta: Ao estabelecermos um relacionamento com o espaço relativo ao corpo e ao tomarmos a mente leve como algodão, podemos nos mover no espaço exterior III-44) Taimni: A partir de maha-videha, que é o poder de contatar o estado de consciência que está fora do intelecto e portanto é inconcebível, é destruído o que encobre a luz. Mehta: O estado em que a Mente não está presente, inconcebível por todos os processos de mentalização, é conhecido como maha-videha. Ele remove todas as cortinas que impedem a entrada da Luz. III-45) Taimni: Domínio dos panca-bhutas (é obtido) pela aplicação de samyama aos seus estados denso, constante, sutil, interpenetrante e funcional. Mehta: Através da concentração nas expressões densas e sutis dos elementos em suas características essenciais em que tudo penetram e no funcionamento de seus atributos, adquire-se maestria sobre os cinco elementos. III-46) Taimni: Daí a obtenção de animan etc., a perfeição do corpo e não-obstrução de suas funções pelos poderes (dos elementos). Mehta: Através disso, desenvolvemos poderes psíquicos tais como anima etc., alcançamos uma excelência do corpo e seu funcionamento desobstruído. III_47) Taimni: Beleza, compleição excelente, força e solidez Adamantina constituem a perfeição do corpo. Mehta: A excelência do corpo consiste em beleza de forma, graça de movimento, força da dignidade e agilidade dos membros. III-48) Taimni: Domínio sobre os órgãos dos sentidos, pela aplicação de samyama ao seu poder de cognição, sua verdadeira natureza, seu “senso de individualidade”, sua penetrabilidade e suas funções. Mehta: Surge uma maestria sobre os sentidos, que envolve sua receptividade, sua natureza, sua nitidez, seus atributos e propósitos funcionais III-49) Taimni: Daí (resultam) cognição instantânea, sem a utilização de qualquer veículo, e completo domínio sobre pradhana. Mehta: Surge então no campo dos sentidos uma velocidade comparável à da mente, que resulta na não-dependência de instrumentos ou órgãos dos sentidos, indicando maestria sobre as forças da natureza. III-50) Taimni: Somente pelo percebimento da distinção entre sattva e purusa é obtida supremacia sobre todos os estados e formas de existência (onipotência) e conhecimento de tudo (onisciência). Mehta: No percebimento de uma clara distinção entre sattva ou o observador e purusa ou o sujeito, somos dotados de conhecimento e poder para tratar com todas as situações da vida III-51) Taimni: Pelo desapego até mesmo a isso (ao siddhi referido no sutra anterior), sendo destruída a própria semente da escravidão, Kaivalya é alcançada. Mehta: Quando estamos desapegados até mesmo do percebimento do estado incodicionado, então, devido à destruição da própria semente da corrupção, chegamos à experiência da liberdade absoluta. III-52) Taimni: (Devem ser) evitados o prazer ou o orgulho ao ser tentado pelas entidades superfísicas regentes dos vários planos, porque (ainda) existe a possibilidade da revivescência do mal. Mehta:Se surgir um sentimento de prazer ou de orgulho ao recebermos reconhecimento dos outros, poderá haver uma recorrência às tendências antigas. III-53) Taimni: Conhecimento nascido do percebimento da Realidade pela aplicação de samyama ao momento e (ao processo de) sua sucessão. Mehta: Quando há um percebimento do momento e também da ocorrência da sucessão do tempo, daquele momento, então, nasce a Sabedoria. III-54) Taimni: Daí (vivekajam-jnanam), conhecimento da distinção entre similares que não podem der distinguidos por classe, características ou posição. Mehta:Na Sabedoria surge uma percepção da diferenciação das coisas que, de outro modo, não podem ser diferenciadas seja por classe, característica ou posição. III-55) Taimni: O altíssimo conhecimento nascido do percebimento da Realidade é transcendente, inclui a cognição de todos os objetos simultaneamente, abrange todos os objetos e processos do passado, do presente e do futuro, e também transcende o Processo Mundial. Mehta: A Sabedoria que transcende todos os processos do conhecimento conhece a natureza total das coisas de uma só vez e não na sucessão do tempo III-56) Taimni: Kaivalya é alcançado quando há igualdade de pureza entre o purusa e sattva. Mehta: Quando a experiência e a expressão atuam no mesmo nível e com a mesma intensidade, nasce o estado de liberdade absoluta. Seção IV – KAIVALYA PADA IV-1) Taimni: Os sidhis são resultado de nascimento, drogas, mantras, austeridades, ou samadhi. Mehta: Os poderes psíquicos podem ser devidos à hereditariedade, drogas, encantamentos, austeridades ou samadhi IV-2) Taimni: A transformação de uma espécie ou tipo em outra faz-se pelo excesso de tendências ou potencialidades naturais. Mehta: A causa de todas as mutações reside no transbordamento da natureza. IV-3) Taimni: A causa incidental não impulsiona ou provoca as tendências naturais à atividade, mas, como um agricultor (irrigando um campo), meramente remove os obstáculos. Mehta: A causa instrumental não pode alterar os componentes hereditários; pode apenas remover obstáculos, da mesma maneira que um agricultor irriga seu campo IV-4) Taimni: Mentes criadas artificialmente (procedem) somente do “senso de individualidade”. Mehta:Todas atitudes mentais cultivadas conscientemente surgem de um senso de eu. IV-5) Taimni: A mente (natural) dirige ou move as muitas mentes (artificiais) em suas diferentes atividades. Mehta: Há na realidade apenas uma mente atrás da multiplicidade aparente de suas expressões. IV-6) Taimni: Dessas, a mente nascida da meditação é livre de impressões. Mehta: Apenas o estado nascido da meditação é completamente livre de todos os motivos. IV-7) Taimni: No caso dos yogis, os karmas não são nem brancos nem pretos (nem bons, nem maus); no caso de outras pessoas, eles são de três tipos. Mehta:O karma de um yogui não é bom nem mau; no caso dos demais, o karma é de natureza tríplice. IV-8) Taimni: Dentre essas tendências, somente se manifestam aquelas para as quais as condições sejam favoráveis. Mehta:O karma tríplice dá origem a certas tendências que se tornam ativas em condições que lhe são favoráveis. IV-9) Taimni: Existe a relação de causa e efeito, mesmo que separados por classe, lugar e tempo, porque memora e impressões são o mesmo em termos de forma. Mehta: Embora separadas por tempo, espaço e diversidade de características, há uma continuidade que é conferida a estas tendências pelo hábito e pela memória. IV-10) Taimni: Não existe um começo para eles, sendo eterno o desejo de viver. Mehta: Estas tendências parecem não ter começo, porque o desejo de viver parece absolutamente não ter fim IV-11) Taimni: Estando interligados como causa-efeito, substrato-objeto, eles (os efeitos, isto é, vasanas) desaparecem com seu desaparecimento (da causa, isto é, avidya). Mehta: Sendo dependentes e sustentados pelos motivos e sua realização, eles desaparecem quando os fatores motivadores esmorecerem. IV-12) Taimni: O passado e o futuro existem em sua própria forma (real). A diferença de dharmas (ou prosperidades) decorre da diferença de caminhos. Mehta: O Passado e o Futuro existem no momento do Agora; parecem diferentes por causa da sucessão do tempo. IV-13) Taimni: Eles, manifestos ou não-manifestos, são de natureza dos gunas. Mehta: Os fatores do Vir-a-ser, tangíveis ou sutis, são governados pela atividade das gunas ou os Três Atributos. IV-14) Taimni: A essência do objeto consiste na singularidade da transformação (dos gunas). Mehta: Por causa da uniformidade no movimento oscilante das gunas, não há distorção na qualidade do ser. IV-15) Taimni: O objeto sendo o mesmo, a diferença entre os dois (o objeto e sua cognição) é devida aos caminhos separados (das mentes). Mehta: É a mente fragmentada que não vê as coisas como elas são. IV-16) Taimni: Nenhum objeto é dependente de uma mente. Que seria dele quando não fosse por ela percebido? Mehta: A existência de uma coisa não depende da mente percebê-la; pois o que seria dela se a mente não a reconhecesse? IV-17) Taimni: Um objeto será ou não concebido, em conseqüência da mente ser ou não colorida por ele. Mehta: De acordo com a coloração da mente o objeto é reconhecido ou não. IV-18) Taimni: As modificações da mente são sempre conhecidas por seu dono, em razão da imutabilidade do purusa. Mehta: A mente tem uma possibilidade de observar seu próprio condicionamento. IV-19) Taimni: Nem é ela (a mente) auto-iluminativa, pois é perecível. Mehta: A mente não é auto-resplandecente, pois ela é o campo, não o Conhecedor do campo. IV-20) Taimni: Além do mais, nem lhe é possível funcionar das duas maneiras (como aquele que percebe e como aquele que é percebido) ao mesmo tempo. Mehta: O percebimento daquele que percebe e do percebido não pode acontencer ao mesmo tempo. IV-21) Taimni: Se (fosse admitida) a cognição de uma mente por outra mente, teríamos que admitir a cognição de cognições e também a confusão de memórias. Mehta: Se postularmos que uma segunda mente reconhece a atividade de uma primeira, então, a proposição lançar-nos-á à postulação de uma infinidade de mentes, uma superior a outra. IV-22) Taimni: O conhecimento de sua própria natureza, através da autocognição, (é obtido) quando a consciência assume aquela forma na qual não muda de lugar para lugar. Mehta: Quando a consciência é serena, vem a ela o percebimento de sua verdadeira e original natureza. IV-23) Taimni: A mente colorida pelo Conhecedor (isto é, pelo purusa) e pelo Conhecido é oniabarcante (aquele que tudo percebe). Mehta: Este percebimento surge unicamente quando vemos a natureza que tudo permeia do observador e do observado. IV-24) Taimni: Embora matizada por inúmeros vasanas, ela (a mente) age para outro (purusa) pois age em associação. Mehta: Embora contendo inúmeros desejos e anelos, a mente move-se apenas com um fator motivador, qual seja, de salvaguardar o observador através de um processo associativo. IV-25) Taimni: A cessação (do desejo) de permanecer na consciência de atma vem para aquele que percebeu a distinção. Mehta: No homem de reta percepção, o sentimento de “eu sou eu” cessou completamente. IV-26) Taimni: É então que, na verdade, a mente inclina-se para o discernimento e gravita em direção a Kaivalya. Mehta: Então a mente está orientada pela sabedoria, indicando o estado de liberdade absoluta. IV-27) Taimni: Nos intervalos outros pratayayas surgem pela força dos samskaras. Mehta: Nos momentos de não-percebimento, as tendências antigas aparecem novamente. IV-28) Taimni: Sua remoção, como a dos klesas, consegue-se como foi descrito. Mehta: A eliminação destas tendências pode ser feita da mesma maneira que se obtém a libertação dos klesas ou aflições, conforme abordado anteriormente. IV-29) Taimni: No caso de alguém que é capaz de manter um estado de constante vairagya, mesmo em relação ao mais exaltado estado de iluminação, e exercer o mais elevado tipo de discernimento, segue-se dharma-megha-samadhi. Mehta: Quando o estado de meditação é um fim em si mesmo e não um meio para a realização de algum outro fim, surge aquele percebimento puro e total no qual nasce dharma-mega-samadhi, significando uma experiência espiritual comparável a uma Nuvem de Benção. IV-30) Taimni: Então, segue-se a libertação de klesas e karmas. Mehta: Então há completa libertação do karma e das aflições que surgem dele. IV-31) Taimni: Então, em conseqüência da remoção de todas as obscuridades e impurezas, aquilo que pode ser conhecido (através da mente) é insignificante em comparação com o conhecimento ilimitado (obtido na Iluminação). Mehta: Livre de todos os véus que ocultam a Realidade, compreendemos que todo o conhecimento reunido pela mente é totalmente insignificante comparado com a iluminação nascida da Sabedoria. IV-32) Taimni: Tendo os três gunas cumprido seu objetivo, o processo de mudanças (nos gunas) chega a um fim. Mehta: Em tal Infinidade de Sabedoria, chega ao fim o processo do vir-a-ser psicológico através das atividades funcionais das três gunas. IV-33) Taimni: Kramah é o processo correspondente aos momentos (em sucessão) que se torna compreensível ao final das transformações (dos gunas). Mehta: Mudanças ocorrem apenas nos momentos, mas tornam-se apreensíveis na sucessão do tempo. IV-34) Taimni: Kaivalya é o estado (de Iluminação) que se segue à reabsorção dos gunas, por estarem destituídos do objetivo do purusa. Neste estado, o purusa está estabelecido em sua verdadeira natureza, que é pura Consciência. Mehta: Kaivalya ou liberdade absoluta é um estado de não-esforço onde as três gunas, desagrilhoadas pela mente retornam a seu movimento e onde a consciência retoma sua condição original não-modificada.

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